sexta-feira, 4 de julho de 2014

Crônica: É difícil ser mulher em Marte



A vida nos força a usar e abusar da versatilidade e, a nunca dizermos “nunca”, porque só saberemos de verdade do que somos capazes quando chegarmos lá.

Seres diferentes não falam a mesma língua, mas podem aprender a se comunicar. Logo, é preciso que cada um se disponha a aprender o idioma do sexo oposto e, nesse quesito, acho que somos alunas muito mais aplicadas.

Diz-se que somos fascinadas pelo Senhor Diálogo, ou seja, pela famosa DR - “Discutir a Relação” -, enquanto eles são apaixonados pela Dona Praticidade, ou seja, seguindo o conceito de “menos é mais”, seria algo como menos conversa e mais atitude. Só isso já dá margem a conflitos interplanetários. 

Frequentemente escutamos que precisaríamos vir com um manual de instrução, mas logo surge quem diga que de nada adiantaria porque esse manual não acabaria nunca e, ainda por cima, estaria sempre escrito num idioma ininteligível.

A tônica disso está em que para nós fazermos qualquer homem feliz é muito simples e se resumiria a contermos quatro ingredientes:

- saber cozinhar;

- ser uma dama na mesa e não tão dama assim na cama;

- cumprir, sem nunca se desviar, o juramento de “Asoiruc” (que é a palavra “curiosa” escrita ao contrário), onde prometemos nunca, sob hipótese alguma, olhar as mensagens do celular dele;

- saber dividir (traduzindo: eles precisam sair com os amigos). 

Já a receita básica (bem básica!) para que eles consigam nos agradar teria, no mínimo, uns cinquenta ingredientes, com itens muito sofisticados, exclusivos (específicos para cada uma de nós), além de um toque de Chef. 

São mesmo muitas as diferenças entre nós. O ego masculino é à base de conquistas (eles são marcianos e querem dominar a terra, se acham mais evoluídos), enquanto o nosso é à base de emoções (somos venusianas, filhas da Deusa do Amor e da Beleza). Eles são movidos pelo que veem e estão sempre “prontos” levando em conta quase nada e, nós, somos movidas pelo que ouvimos – precisamos de conteúdo em tempos de muitas bundas. Gostamos de pensar em voz alta, temos necessidade de falar, mesmo que isso não vá de fato resolver o problema já nos traz certo alívio imediato, enquanto eles se fecham na sua concha, preferem o silêncio quando algo os incomoda ou está mal resolvido.

Enfim, é difícil ser mulher em terra de marcianos, mas se nos dispusermos a aprender um novo idioma e usarmos da nossa versatilidade, é perfeitamente possível.


Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com

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