Crônica: Vai que...

Vai que... um dia meu sonho torto se realize; que eu extrapole minhas expectativas; que o impossível torne-se palpável. Tem coisas que podemos evitar, há aquelas que jamais saberemos antecipadamente, umas que nos farão flutuar e outras que irão nos derrubar. Mas também sei que a verdadeira diferença está em como irei me portar diante de cada uma delas. Cabe a mim decidir.

Vai que... eu me renda aos seus encantos e não dê certo?

Impossível descobrir novos sabores sem se arriscar; ampliar os horizontes sem navegar pelo desconhecido; ser surpreendido sem que se permita sair do óbvio. Enfim, não ter todas as respostas faz parte do bom da vida. É preciso viver para descobrir! Pode ser que dê certo, mas para isso, antes de qualquer coisa, é preciso que eu acredite, que me disponha a amar.

Vai que... a vida me surpreenda e seja bela. Não tenho dúvidas de que será, e o primeiro passo é dar uma chance a ela.

Vai que... eu vença meus medos tolos e seja capaz de realizar muito mais. Ser é uma questão de atitude e ter é a consequência que irei provar.

O ano ainda não chegou ao fim, mas já posso dizer que em nenhum momento eu poderia imaginar tudo que já vivi até aqui. O que isso me traz? Que a vida é mesmo uma caixinha de surpresas onde não há garantias nem de qual será minha próxima escalada e nem de qual será a próxima topada.

Na real, os monstros não saem do armário quando a gente está dormindo, muito pelo contrário, eles nos assombram quando estamos de olhos bem abertos, em plena luz do dia. Mas eu posso escolher gritar mais alto e dizer: sai da frente que eu quero passar. 

Então, sai da frente! Vai que...

Médica e autora do livro: Perfume de Hotel

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