Crônica: Distração

A distração talvez seja um dos grandes males a ser combatido, cada dia mais presente no nosso dia a dia e nas nossas relações.

Andamos nos distraindo demais! Infelizmente, não com a conotação de divertimento, mas de desatenção ao que realmente importa.

Não prestamos a devida atenção no outro, àquele que está na real ao nosso lado. Valorizamos mais o que não se pode tocar de verdade, o que está disponível ao touch screen.

Com certeza uma grande gafe e a razão de muitos conflitos diários. 

Cada um é cada um num universo paralelo não compartilhado. Estamos juntos e separados.

Todos à mesa, mas ninguém se fala; o casal na cama, mas invisíveis um para o outro...

Tão perto e tão longe, a uma distância que chega doer, quando, na verdade, o simples fato de desviarmos o olhar das distrações, de estarmos atentos ao que diz respeito a “nós”, acabaria com tantas imperfeições na forma de se relacionar.

As pessoas lá fora parecem sempre mais divertidas e encantadoras. Aprendemos a sorrir mais para quem está do “lado de lá”, invertemos a ordem das coisas, e o que está do “lado de cá” vai se tornando cada vez mais monótono.

Como ficam as relações?

Lidar com essa nova realidade tão cheia de informações instantâneas e atrativos a todo o momento está cada dia mais complicado. Tudo fica ultrapassado rápido demais. Nem bem vimos e já foi. Mal chamou a nossa atenção e já não nos interessa mais. Mal deixou de ser apenas um objeto de desejo e a conquista já perdeu toda a graça. Nem bem...

Nada mais parece ser duradouro. Tudo está ficando descartável. Quebrou, joga fora! As pessoas não querem mais consertar nada. 

Mas todo amor exige cuidado, carinho, atenção... reparos diários.

Então, aonde isso vai dar?

Médica e autora do livro: Perfume de Hotel

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