sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Crônica: Madrugada


A calada da noite traz o silêncio, mas, muitas vezes, um agito irrompe o silêncio sem pedir licença, sacode e faz vibrar meu corpo inteiro, leva embora a calma.


A janela fechada já não me separa mais do mundo lá fora.

O corpo cansado jogado na cama, a cabeça recostada no travesseiro, os olhos pesados piscam sem cadência, mas a mente finge não saber e insiste em conversar, não quer descansar.

É madrugada... estou desperta. Tudo parece aflorar em mim. 

Diz-se que na madrugada todos os gatos são pardos, mas eu consigo enxergar meus sentimentos, ouvir minhas falas, tudo com muito mais clareza, por além das sombras.

Pronto! Desfez-se a escuridão e a meia-luz no meu quarto meus pensamentos se amontoam e ganham vida no papel.

Mas a madrugada também é dos amantes, então, me ponho a amar.

E depois de chegar ao clímax, com o corpo agora anestesiado, consigo, enfim, reencontrar o silêncio e posso voltar a sonhar.

De repente, a madrugada já virou dia, é hora de levantar.

Mais um dia vem e a madrugada... a madrugada vai chegar.



Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com

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