Se perdemos a capacidade de nos emocionar, se nao somos mais tocados por toda dramaticidade a nossa volta, ou mesmo pela beleza, algo está muito fora de lugar.
Serão nossas rotações muito aceleradas por minuto? É isso ou será que ficamos completamente cegos para o que importa de verdade?
Para onde e como estamos indo, eis a questão.
Passos cibernéticos cada vez mais largos, uma intimidade tamanha com o mundo virtual e cada dia mais destreinados para lidar com o mundo real.
Reza a lenda que se pararmos de olhar para o celular e erguermos a cabeça veremos um céu azul, pássaros, árvores, pessoas...
O mundo virtual jamais será capaz de transmitir todas as sensações que se pode provar no mundo real.
Gestos e atitudes falam mais do que palavras, sim, mas as palavras ditas e não tecladas a distância são mais que necessárias, são vitais. Sem elas, muitos dos gestos se perdem.
Em tempos tão modernos, o olho no olho tem ficado cada vez mais esquecido, o som da voz que faz disparar o coração tem se perdido. Dedos ágeis para teclar, mas na contramão da era touch screen, se tornaram quase insensíveis ao toque.
Tudo fora de lugar!
Nada, nada substitui a presença, o toque, o cheiro, o sabor, a respiração soprando ao pé do ouvido, até mesmo uma discussão mais acalorada, enfim, tudo que realmente nos faz sentir o quanto estamos vivos.
Cada vez que me deparo com toda nossa fragilidade diante da vida, isso só reforça ainda mais em mim a necessidade urgente de viver muito bem o presente, de não disperdiçar momentos, de não me frustrar por coisas banais, de não economizar no que é essencial.
Encurtamos "abs", "bjos", "sdd"... nada disso deve ser abreviado.
E para o amor não devem existir silêncios.
Poderá chegar, quem sabe, um dia em que desejaremos muito falar, expressar o que sentimos, tocar, e possa ser que não tenhamos mais tempo para isso.
Então, enquanto ainda há tempo quero saborear cada minuto em tempo real, quero me entregar e viver as sensações, sem mentiras ou meias verdades, nada pela metade, com interesse real no mundo real.
Tem que valer a pena!
Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com
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