Nesse carnaval, zapeando pelos canais da TV a cabo, assisti ao filme Getúlio, de João Jardim, lançado ano passado.
Personagem real da nossa história eu tenho lido sobre ele como peça de um novo trabalho que estou produzindo.
Em seu diário, Getúlio Vargas diz ter tido várias amantes e as chama de seus “amores mercenários”. Cita também uma mulher misteriosa a quem apelida de vários nomes como “bem-amada”, “luz balsâmica” e “encanto da minha vida”, por quem se declara apaixonado, mas a época desse romance também surgem boatos de que ele estava tendo um caso com uma poetisa. E entre todos os seus casos extraconjugais, sua amante mais famosa foi uma jovem atriz com quem se relacionou por mais de dez anos.
Enfim, em um dado momento dessa história nada doce e sem “e foram felizes para sempre”, ele e sua esposa passam a dormir em quartos separados e é exatamente essa a imagem do casal que é retratada no filme. Um homem e uma mulher num relacionamento frio, distante, sem qualquer menção de viverem uma paixão, sem quaisquer traços de intimidade, sem resquícios daquela tal cumplicidade que une os verdadeiros casais e que se faz transparecer em seus olhares, sem o brilho que vem do sentimento profundo que os faz querer, e não por qualquer outra razão, estarem e permanecerem juntos.
Alguém levantou a questão: É possível conhecer alguém de verdade ou isso é meramente uma pergunta filosófica?
Talvez essa seja a grande pergunta a responder.
O que temos de verdade? O que de verdade somos capazes de construir? O quanto somos capazes de cuidar do que temos sem deixar quebrar?
Pergunto-me que busca é essa, que vazio é esse, que necessidade é essa de ter o que não é? O novo... será que tudo um dia tem realmente que ficar velho?
Não importa. As repostas que ouvi até hoje nunca me convenceram.
Com o devido distanciamento do significado do verbo amar, digo, amar pra valer, acho que chamar esses casos de “amores mercenários” seja mesmo uma boa forma de tratar dessas relações que são capazes de roubar, de causar danos por vezes irreparáveis, de machucar, de deixar cicatrizes.
O amor é honesto, exige cuidado, verdade, compromisso, fidelidade, uma boa dose diária de perdão, e renúncias, mas as renúncias não devem ser tidas como atos de sacrifício, se não, não se trata de amor, porque quando amamos tudo que realmente importa está bem aqui, ao nosso lado, já é parte de nós, nos completa.
Mas, ainda sim, as pessoas não são perfeitas e erram, erram feio.
Então, parafraseando Frejat, eu desejo que tenhamos quem amar, e que quando estivermos bem cansados, ainda exista amor pra recomeçar...
Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
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Adoro a agilidade das crônicas!
ResponderExcluirBeijos!
http://the-dearest-room.blogspot.com.br
Oi Daniele!
ExcluirSim, a crônica é um reflexo do momento, de uma cena, de uma conversa... enfim é muito bom poder compartilhar de tudo um pouco com vocês. Bjos