Crônica: Gotas de felicidade

Um dos segredos da felicidade é, sem dúvida, ter memória fraca, desapegar, saber esquecer.

O que passa? O que fica?...

Cada dia estou mais convencida de que gotas de felicidade nascem da mesma fonte onde jorram as águas da sensata estupidez. Isso não quer dizer que a questão esteja resolvida, não é uma equação simples assim, porque não basta perceber tem que por em prática.

A palavra é confluência! A confluência de muitas gotas faz cair à chuva e, na vida, é a confluência de tudo que escolhemos lembrar e valorizar que irá ditar o tamanho do nosso sorriso, que irá ou não deixar translúcida a nossa alma.

Assim coma a chuva, a vida vai se fazendo de pequenas gotas. Uma gota passa quase imperceptível, mas a soma delas é algo extremamente poderoso, com uma força devastadora ou arrebatadora.

Estou fechando um ciclo da minha vida, outro está se abrindo pra mim e, nesse momento, me coloco como espectadora de mim mesma. A menina ainda está aqui, não quero deixá-la ir. Sonhadora, cheia de fantasias, descrente de mentiras, crente no amor. 

Paro e olho para o pote que cada um de nós sempre tem em mãos com o rótulo “as gotas que guardei” e, sem abri-lo eu me questiono: O que quero acumular no meu pote?

A resposta vem de pronto: Quero gotas de felicidade!

Amadurecer é uma arte e eu chamaria de a arte de ser equilibrista. Nada de se equilibrar em cima do muro, mas entre escolhas e consequências. Só cabe a mim decidir que gotas ficam e que gotas vou deixar ir, ter razão ou ser feliz.

Sou frágil, sou forte, sou o contraditório, mas, sobretudo, quero ser eu mesma, sem medo de me mostrar, sem medo de me entregar, sem medo dessa tal felicidade.

Feliz aniversário pra mim! Sim, FELIZ!

Médica e autora do livro: Perfume de Hotel

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