Há algum tempo li um texto da Glória Kalil que dizia que: ”O que faz alguém ser verdadeiramente chique não é quanto essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta... Chique mesmo é olhar no olho de seu interlocutor, é desligar o radar quando estiver sentado à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção à sua companhia. Chique mesmo é honrar sua palavra, é ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios...”.
Parece absurdo, mas ser chique de verdade pode estar virando utopia numa sociedade que, cada dia mais, inverte seus valores. Não se cumprimenta mais às pessoas, não se têm mais respeito à hierarquia e aos mais velhos, não se pede desculpas; a educação, a orientação e o acompanhamento das crianças na formação do seu caráter deixaram de ser de responsabilidade dos pais e passaram a ser dos professores, e quase tudo que aprendemos está ficando démodé.
Dizem que o tempo vale ouro, mas onde está sendo investido o tempo que sobra pela praticidade do uso do micro-ondas, da máquina de lavar louça e lavar roupas, com o pagamento de contas e as compras feitas pela internet, com a comunicação instantânea mesmo a distância, enfim, com toda essa enxurrada de novas tecnologias disponíveis e transformadoras todos os dias? Infelizmente, é fácil responder: Grande parte desse tempo está sendo investido no mal uso de tudo isso.
É tão triste ver que a intolerância, a generosidade, o dar sem receber, o prestar atenção em quem está ao nosso lado e não do outro lado da rede social, o tamanho do guarda-roupa e não o da biblioteca, o ser “esperto” e não o ser honesto... estão em evidência e continuam previstos para as próximas tendências.
Na era da comunicação a informação parece ser registrada cada dia mais deturpada e ao invés de adicionar valores, a sociedade segue diminuindo cada vez mais o seu status. Pergunto-me até que ponto esta sociedade estava preparada para lidar com tantos avanços no último século, quando a briga por direitos iguais já ultrapassou, e muito, o respeito à ética, a moral e os bons costumes, e ser chique de verdade é ser careta.
Como no mundo da moda, onde tudo está sempre se reciclando, não vejo a hora de assistir a um desfile retro, onde possa apreciar alguns bons e velhos costumes, conceitos e valores na nossa sociedade, e ser chique deixe de ser careta, e passe a ser fashion.
Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com
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