sexta-feira, 28 de março de 2014

Crônica: A virada dos 40



Amo datas comemorativas, celebrar o meu aniversário então, é uma delícia.

É hoje! Chegou o meu dia! 

E, de repente, vejo esse post numa rede social: “Se a vida começa aos 40, por que nascemos com tanta antecedência?”. Não necessariamente começa, mas tem algo sim de muito especial nessa virada dos “inta” para os “enta” que irão nos acompanhar até o fim. Há um rompimento, uma passagem para uma nova etapa, quase um parto - o nascimento de um bebê maduro!

Talvez esteja aí a explicação para tanta importância, para toda essa expectativa criada em cima dos 40. Até o Rei, Roberto Carlos, já dedicou uma música a mulher de 40 e eu, particularmente, gosto da parte que diz “É jovem bastante, mas não como antes. É tão bonita, ela é uma mulher que sabe o que quer, e no amor acredita”. 

Sim, acredito que se esconda aí um pouco do segredo, da exuberância peculiar a mulher de 40. Não se trata apenas de um corpinho perfeito, do silicone, da falta de ruguinhas de expressão, não! Trata-se do conjunto da obra - que pode até vir acompanhada desses atributos, por que não? -, uma mulher madura, com uma sensualidade que vem de um estilo próprio, sem estar espremida dentro de um clichê com medo de se mostrar, que desfila com segurança no alto do seu salto 15. 

Foi dada a sentença, daqui para frente é hora de colher os frutos das nossas escolhas, de quem somos e do que fizemos até aqui. 

Espera! Estava feliz com minhas escolhas, mas tinha muito, muito mais que queria e podia fazer. Isso começou a me incomodar, a suscitar em mim a urgência das coisas que tinha deixado em suspenso.

Odeio não ter as respostas, não suporto o “como seria se...?”. Preciso ter as respostas, aprender e conviver com elas. Não consigo ficar quieta, esperando o que quero chegar até a mim, sou logo tomada por um incomodo monstro que me faz ficar de pé e tratar de agarrar eu mesma os meus desejos. 

A proximidade dos 40 me fez remexer no meu baú. Medo!... Remexendo no meu baú tive medo de não realizar tantos desejos que encontrei guardados ali, de não me permitir experimentar. Detesto sentir medo, porque o medo é um poderoso paralisante, congela a gente, é como ter um algoz sobre nós e, definitivamente, quero sentir algo que me abrace e não que me amarre. Então, reagi! 

Abriu-se uma janela em mim, eu quis olhar o que tinha lá, além dos muros que construí, e simplesmente me atirei rumo ao desconhecido.

Como me sinto? Muito mais inteira que antes, ainda mais feliz que antes, vivendo realmente a “Idade da Loba” - que dizem ser perigosamente deliciosa – caçando, desafiando, desejando, sonhando...

Acabei de nascer! Estou nova para fazer o que eu quiser!



Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com

2 comentários:

  1. Nossa, que texto mais lindo e vivo!
    Adoro essa sede de vida que algumas pessoas tem.
    Confesso que sou meio taciturna na vida - acredite se quiser. Mas acho que é defeito de alguém que nasceu no século errado. Acho que eu sou ultra romântica ainda, mesmo que a segunda geração do romantismo tenha acontecido séculos atrás. Por isso acho perfeito que tem essa alegria constante de vida. *-*
    Lindo texto MESMO!
    Parabéns!

    bjus
    terradecarol.blogspot.com

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    Respostas
    1. Oi, Carol!
      Sim! Minha locomotiva é movida por sonhos, expectativas e pela gana de realiza-los. Viver, para mim, é sinônimo de possibilidades!
      Você diz que é "ultra romântica". O romântico é um eterno sonhador.
      Digo no meu livro, Perfume De Hotel - Nova Iorque, que "sonhos definitivamente não foram feitos apenas para sonhar, mas para realizar". Então... ouse Carol!
      Bjão

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