Não julgar é, sem dúvida, um excelente começo.
Cada um sabe a dor e a alegria que lhe cabe, cada um tem suas próprias perguntas e precisará encontrar suas respostas.
Olhamos por cima e achamos que já vimos tudo, que já sabemos tudo. Quanta bobagem! É preciso um olhar muito mais demorado, profundo e, estar junto, para começarmos a entender o que se passa com quem está ao nosso lado.
Somos espelho, mas também somos vitrine.
A leitura do nosso mundo é importante, mas está muito longe de ser o suficiente quando falamos da condição do outro. Seria preciso nos colocar, estarmos no lugar do outro e sentirmos na pele o que ele sente e provarmos do que ele vive para sabermos, de verdade, falar do que o aflige, do que lhe causa medo, dor, insegurança, frustração, ansiedade, cansaço, culpa...
Apontar é extremamente fácil, vivenciar é que é difícil.
Quantas vezes eu mesma disse “comigo não” e me peguei depois vivendo e repetindo as mesas atitudes que antes condenei.
Fico chocada e, que bom que ainda posso ser tocada por esse sentimento de repulsa, com a crueldade e a soberba das pessoas diante das fragilidades dos outros ao passarem por seus momentos mais difíceis, mais duros.
Ninguém é capaz de dizer o que virá logo a seguir, somos totalmente ignorantes a respeito do que o futuro nos reserva e isso, por si só, deveria ser argumento bastante para nos fazer calar diante de atitudes e escolhas que não nos dizem respeito.
Quantas vezes escondemos nossos cacos, quantas vezes repetimos o mesmo sorriso que vimos na fotografia, quantas e quantas vezes tudo que mais queremos é um colo onde possamos nos despir totalmente e escancarar todos os nossos medos, mas, ao invés disso, tudo que nos permitimos fazer é o que precisa ser feito naquele momento, que é sermos fortes e corajosos.
Acostumamo-nos a ver tantos super-heróis que acabamos incorporando falsos superpoderes. Nem eu, nem você, nem ninguém é o máximo. Somos humanos, fortes e frágeis, doces e amargos, radiantes e tristes, inteiros e aos pedaços, realizados e frustrados, imprescindíveis e completamente impotentes, enfim, somos feitos de acertos e erros, de virtudes e fraquezas, de muita coragem e de muita covardia, de atitudes nobres e outras vergonhosas demais, mas, sobretudo, somos capazes de sentir, de demonstrar amor, e o amor é generoso.
Então, precisamos praticar o amor, estender mais a mão ao invés de esticarmos apenas o dedão.
Médica e autora do livro: Perfume de Hotel
contato@carlasgpacheco.com
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